Estava me perguntando hoje ...?quantas vezes perdi a hora? Não a hora comandada pelos ponteiros do relógio, nem aquele toque insupórtável do despertador (essa tb já perdi). Mas o momento certo de fazer algumas coisas. Parece que quando passamos dos trinta, esses questionamentos começam a aparecer com mais frequência.
Perdi a hora de lutar por algumas coisas que hoje nem quero mais. Então será que eu realmente "perdi" ou foi uma escolha que fiz sem nem mesmo perceber...
Optar no presente pelo que será no futuro, acho que é difícil pra todo mundo. O problema que nossa vidas, nosso caminhos...são carregados de crenças. Planos que fizemos na infância, idealizamos e parecem nos perseguir. Descobrir que nem tudo é tão fácil, como parecia na nossa pequena cabecinha de criança, faz tudo mudar, os rumos mudarem. Mas nem sempre isso fica tão claro dentro de nós. É preciso ensaiar todos os dias o fim de alguns sonhos para que estejamos preparados para o fim do espetáculo. A verdade é que sempre que acaba um começa outro, nem sempre o mais glamuroso é o melhor. Só a maturidade e o dia-a-dia vai me fazer entender...se perdi a hora, foi porque o despertador realmente não tocou! Vai tocar na hora certa.
...o agora. O que precisa ser dito rápido!
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3 comentários:
Muito bom!!!
Fazia um tempo que ñão lia seus textos ... faço das palavras do Filippo a minhas e das suas as minhas ...
Tentei escrever, mas só choro ... já de saudades de vcs, é claro ....
TE AMOOOO
Cara, duas coisas me intrigam nisso tudo:
a primeira é achar que não temos mais paciência – ou saco mesmo - e coragem pra correr atrás da bola ... “Xii, a idade está pesando, tenho muita coisa pra fazer e não tenho mais tempo pra ficar lembrando dos meus sonhos de criança”. Dizendo que depois de tomar o primeiro gol, não vale mais a pena buscar a bendita pelota no fundo da rede e dizer pra você mesmo: “Que porra é essa, o jogo nem começou e tu já tá pedindo pra sair ?”. Achando que os astros, as quinas, os postes e que até a nova ortografia estão contra você. Que a teoria da conspiração realmente existe, que não é só roteiro de blockbuster hollywoodiano. O lance não é optar pelo passado de criança para trilhar nosso futuro adulto, o problema é não optar pelo presente. Abrir nossas tacanhas cabeças para deixar a margem de erro rolar, dizer que o agora também é válido. Se até os gênios da publicidade descobriram que o sabão em pó “branco branquinho” se preocupa com a limpeza da roupa da pivetada, enquanto você descansa, porque a gente tem que se pautar pelos ponteiros do relógio. Não, não pode ser assim. Não dá ! Apesar da perspectiva do brasileiro ter aumentado, não quero usufruir a minha felicidade quando estiver a cargo da previdência. Não quero viver dez anos a mil, mas mil anos a dez também é uma merda, já dizia o Lobão.
Se for pra pensar que já foi, então é melhor nem pensar. Quem sabe dá certo, né ?
A segunda coisa que me intriga é a total e irrestrita noção de que as pessoas estão cada vez mais vivendo num tempo distante. Explico: o filme “A Máquina do Tempo” do Orson Wells foi o mais assustador que já assisti. Sem ter monstro, caveira, gritos nem nada típico dos clássicos filmes de terror. Como diz o título, ele conta a história de um cientista que inventa uma máquina do tempo e depois de viajar por milhões de anos, séculos, ele chega numa época em que simplesmente (foi aí que eu pirei) a vida não vale nada ! Nessa “era futura, evoluída”, quando um está se afogando num rio por exemplo, o outro olha, vê o cara pedindo ajuda, morrendo ali a poucos metros dele e não tá nem aí. Quer dizer: f... – se o próximo ! Licença poética à parte, a sociedade brasileira está assim. A indiferença a tudo e a todos é o prato do dia. Fome, guerras, genocídio, violência, injustiça, corrupção, preconceito, catástrofes naturais, destruição ambiental e tudo mais está aí, aquém de nossas vidas de comercial de margarina. “Estamos todos felizes vivendo em casas com muros altos, alarme, arame farpado, câmeras de monitoramento, seguranças, carros com insulfilm (para os mais abastados: carros blindados), celulares com GPS para monitorar as crianças nos colégios. Disk tudo é o melhor, por que além não precisar ver pedintes pelos semáforos, lixo pelas ruas, não temos que cumprimentar o vizinho do 615.”
O mais legal nessa história toda, é que com tudo isso, temos mais tempo para ocupar o tempo que arranjamos para nós, mas na verdade será otimizado (palavra estúpida) para fazer coisas que não são importantes no momento e talvez nunca serão. Mais uma vez sendo guiados pelos ponteiros do relógio, mesmo que digital.
O umbigo é o órgão mais importante do corpo humano.
A indiferença é o verdadeiro mal do século !
Tempo, pra quê ?
Prefiro pensar assim :
“Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera.
Com habilidades pra dizer mais sim do que não.
Hoje o tempo voa, amor. Escorre pelas mãos.
Mesmo sem se sentir, que não há tempo que volte, amor.
Vamos viver tudo que a pra viver.
Vamos nos permitir !“.
Lulu Santos
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